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Proibição da recapagem de pneus pode desencadear crise logística no Brasil, afirma executivo

Foto do escritor: Renan LeopoldoRenan Leopoldo


Proibição da recapagem de pneus

A recente proposta do Projeto de Lei (PL) n.º 3.569/2024, de autoria do deputado Capitão Augusto (PL/SP), visa proibir o uso de pneus recapados, estabelecendo uma multa de R$ 5 mil por veículo e a possibilidade de apreensão do automóvel até que a regularização seja realizada. Essa proposta, no entanto, levanta sérias preocupações entre empresas de transporte, que alertam para o aumento dos custos operacionais e a desigualdade competitiva no setor.

Para o diretor operacional da Zorzin Logística, Marcel Zorzin, a medida, caso aprovada, poderá colocar o país em um cenário de crise logística. “Enfrentaremos um período extremamente desafiador, não apenas para as empresas, mas para toda a cadeia de consumo. Isso pode significar aumento de preços, risco de desemprego e dificuldades no fornecimento de materiais essenciais para a produção de novos pneus”, adverte Zorzin. “Será necessário buscar alternativas, mas sinceramente, é difícil enxergar benefícios significativos nessa decisão.”

A prática da recapagem de pneus, reconhecida e regulamentada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade (INMETRO), garante a segurança e a qualidade dos pneus usados nas rodovias brasileiras. No entanto, o novo projeto exige que empresas substituam todos os pneus recapados, ignorando o benefício econômico e ambiental que a recapagem oferece ao setor.

Na visão de Marcel Zorzin, a Zorzin Logística já trabalha com uma política de quase 100% de pneus novos em sua frota, acompanhada de rigorosa manutenção. Contudo, ele enfatiza que essa prática eleva consideravelmente os custos operacionais. “Para grande parte do setor, especialmente as pequenas e médias empresas, substituir todos os pneus seria financeiramente inviável”, explica Zorzin.

Ele acrescenta que, idealmente, o uso exclusivo de pneus novos seria desejável, mas é preciso considerar o impacto ambiental. “Pneus levam cerca de 600 anos para se decompor, e a recapagem é uma solução que reduz essa carga ambiental ao mesmo tempo em que oferece uma alternativa economicamente viável.”

O Projeto de Lei ainda aguarda despacho do presidente da Câmara dos Deputados para seguir para discussões e votações legislativas. Até o momento, não há novas movimentações no processo.


A proposta de proibir a recapagem de pneus, como prevê o Projeto de Lei n.º 3.569/2024, traz implicações profundas para o setor de transportes, afetando diretamente tanto a competitividade quanto a sustentabilidade financeira das empresas. Especialistas, como Marcel Zorzin, destacam que essa medida poderá desestabilizar toda a cadeia logística, resultando em aumentos de custos, cortes de empregos e impactos negativos para o consumidor final.

Além disso, a proibição ignora os benefícios ambientais da recapagem, que contribui para a redução de resíduos de longo prazo, como os pneus descartados. Se o país avançar com essa legislação, será essencial que o setor e o governo explorem soluções alternativas para equilibrar segurança, sustentabilidade e viabilidade econômica, preservando a competitividade e a sustentabilidade do transporte nacional.

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