O setor de varejo domina a ocupação de galpões logísticos no Brasil, respondendo por 34% do total ocupado. Entre os maiores inquilinos desses espaços, sete dos dez principais são gigantes do varejo. O Mercado Livre lidera essa lista, com uma impressionante área de quase 1,5 milhão de metros quadrados. Logo em seguida, vêm a Amazon e a brasileira Magalu, que ocupam 534 mil e 420 mil metros quadrados, respectivamente.
Esses dados foram levantados pela SiiLA, um hub de soluções especializado no mercado imobiliário comercial da América Latina. O estudo também aponta outros setores com grande presença em galpões logísticos no Brasil, como Transporte & Logística (29,8%), Produtos Industriais (14,5%) e Alimentos & Bebidas (10,6%). O restante, 11,1%, é distribuído entre outros segmentos menores. A lista de grandes ocupantes inclui ainda a Shopee, na quarta posição, com 401 mil metros quadrados, e a B2W, fechando o top 5, com 340 mil metros quadrados.
Recentemente, em junho, a SiiLA divulgou que tanto a Shopee quanto o Mercado Livre realizaram investimentos estratégicos para expandir suas operações logísticas no Brasil. A Shopee, varejista chinesa, passou a ocupar um novo espaço em Franco da Rocha, enquanto o Mercado Livre se estabeleceu em Guarulhos, ambas as cidades localizadas na Grande São Paulo. Essas expansões adicionaram 180 mil metros quadrados às suas operações. Em agosto, as duas empresas continuaram a investir, inaugurando novos projetos de expansão em Marília (SP), a cerca de 450 quilômetros da capital, onde implantaram depósitos centrais com mais de 30 mil metros quadrados cada.
O objetivo desses esforços é claro: acelerar o processo de entrega, garantindo prazos cada vez mais competitivos, como entregas em até 24 horas. No entanto, essa corrida para aprimorar a logística também elevou os custos. Segundo a Colliers, empresa global de serviços imobiliários, o preço médio nacional para locação de galpões logísticos subiu 34% nos últimos três anos, atingindo R$ 27 por metro quadrado ao mês.
E-commerce impulsiona o crescimento da logística
Nos últimos dez anos, o estoque de galpões logísticos de alto padrão no Brasil vivenciou um crescimento expressivo. Dados da SiiLA revelam um aumento de 455% na área locada, passando de 4,7 milhões de metros quadrados em 2014 para impressionantes 26,1 milhões de metros quadrados em 2023. O número de edifícios também disparou, com um salto de 561%, de 70 para 463 no mesmo período.
Galpões logísticos de ponta, classificados como A+, A e B, destacam-se por oferecerem maior eficiência operacional. Os galpões A+, por exemplo, possuem uma capacidade mínima de movimentação de 6 toneladas e uma doca para cada 500 metros quadrados, entre outros diferenciais que tornam as operações mais ágeis e eficazes.
Além do aumento na oferta de galpões, a taxa de vacância também apresentou uma queda significativa, passando de 22,8% para 9,1%, uma retração de 60%. O principal motor desse crescimento é o e-commerce, que movimentou R$ 185,7 bilhões em 2023, um avanço de 9,1% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
O expressivo crescimento do mercado de galpões logísticos no Brasil, impulsionado principalmente pelo avanço do e-commerce, reflete a transformação das operações de varejo e logística no país. Com líderes como Mercado Livre, Amazon e Shopee expandindo continuamente suas estruturas, a demanda por espaços eficientes e de alta tecnologia aumenta significativamente. A redução da taxa de vacância e o aumento dos preços de locação destacam a atratividade e a competitividade desse setor, que se tornou essencial para garantir a agilidade e a eficácia nas entregas. Assim, a logística de ponta, aliada ao crescimento do comércio eletrônico, reforça sua posição como um dos pilares fundamentais para o futuro do varejo no Brasil.
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