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Carga de Retorno

Uma alternativa para melhor aproveitamento dos recursos utilizados no transporte de produtos é a contratação de cargas de retorno, o que permite diminuição dos custos operacionais dos transportadores. Com isso, menor número de caminhões trafegaria vazio, além de permitir redução do número de veículos nas estradas.
Entretanto, para a realização dos fretes de retorno é necessário que os transportadores obtenham informações sobre o maior número possível de cargas. Como o mercado é constituído por milhares de empresas fornecedoras de cargas e de transportadoras, torna-se difícil o acesso a essas informações.
As centrais de carga surgem então, como um mecanismo de coordenação do mercado de fretes, tendo como um de seus objetivos os de ampliar as informações sobre esse mercado, de forma que favoreça tanto o transportador, quanto às empresas, que passam a ter mais alternativas de serviços. A redução da incerteza na obtenção das cargas permitirá menores custos de transportes, que ocorrem também por causa de redução de tempo de procura por um transportador ou carga e a maior oferta de transportadores.
Com o avanço da tecnologia de informação, em especial da Internet, a possibilidade de criação de um sistema que abrange grandes áreas e um grande número de usuários tornou-se uma alternativa atraente e tem sido utilizada cada vez com maior frequência. Esse fato é demonstrado por Rebouças (2000), que citando relatórios do Forrester Research, mostra que o setor de transportes tem utilizado a Internet principalmente para a oferta de espaços ociosos nas frotas e fretes com trajeto fixo.
As centrais de cargas podem ser consideradas desde quadros informativos localizados em áreas de grande concentração de transportadores até serviços prestados por meio da Internet, bem como sistemas com maior infraestrutura, elaborados por empresas privadas ou pelo governo. Nos Estados Unidos, onde se encontra a maior concentração desses sites, o serviço de contratação de cargas oferecido pelas centrais é conhecido como load matching services.
A primeira tentativa de estabelecer um sistema de centrais de cargas que cobrisse todo o território brasileiro surgiu em 1975/1976 quando o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) realizou amplo estudo sobre o transporte rodoviário de cargas, desenvolvendo a seguir alguns programas, surgiram as Centrais de Informações de Fretes, com o objetivo de oferecer aos motoristas autônomos e às empresas de transporte melhores condições operacionais. Essas centrais possuem uma estrutura de comunicação de forma a promover contato entre os transportadores e as empresas de transporte, agilizando, assim, as etapas não produtivas do processo de transporte (Silva, 1991).
Um dos principais benefícios atribuídos às centrais de cargas é a possibilidade de maior utilização dos fretes de retorno, considerados como importante possibilidade de redução dos custos de fretes. De acordo com Toledo (1983), esse tipo de frete tem um custo de oportunidade relativamente baixo, pois o caminhão deve retornar de qualquer forma e a carga de retorno significa uma oportunidade de ganho adicional. Assim, o valor desse frete pode variar muito a partir de um valor mínimo que cubra os gastos adicionais de trafegar carregado e de alguma alteração de rota, mudando a curva de oferta de maneira que mantenha a competitividade com outros sistemas de transporte.
Não obstante a redução dos custos, as cargas de retorno podem também apresentar problemas em relação à contaminação e perda de qualidade das cargas transportadas. Darcey (1989) e Michaels (1989) relatam a repercussão da denúncia, nos Estados Unidos, de que caminhões fechados e refrigerados que transportavam alimentos do meio-oeste para a costa oeste traziam lixo como carga de retorno. As empresas de transporte justificaram o carregamento como uma forma de reduzir seus gastos, uma vez que trabalham com equipamentos que possuem alto custo de manutenção.
De acordo com Michaels (1990), uma das principais causas desse problema era a falta de leis específicas que regulassem o frete de retorno. Até então, somente veículos que transportavam materiais extremamente tóxicos estavam proibidos de utilizar cargas de retorno, e apenas veículos de transporte de materiais perigosos estavam sujeitos a normas específicas de limpeza. Com base nessas denúncias, surgiram propostas para uma série de leis que procuravam desde a proibição total até a regulamentação do transporte e imposição de processos de limpeza para veículos que transportassem quaisquer tipos de carga, inclusive o lixo.
O Impacto do Retorno vazio sobre os fretes rodoviários
Segundo Gonçalves Reis, Assessor Técnico da NTC, os métodos de cálculo de fretes usualmente utilizados pela NTC e pela Fipe partem da hipótese de que o veículo de transferência trafega sempre carregado, tanto na viagem de ida quanto na viagem de volta.
Na prática, nem sempre se consegue carga de retorno, especialmente quando a transportadora atende a regiões predominantemente importadoras (nordeste e centro-oeste, por exemplo). O desequilíbrio de fluxo entre as regiões atendidas gera ociosidade do veículo no retorno e, portanto, acréscimos nos custos. Esse acréscimo de custo devido à ociosidade aumenta com o percurso, pois afeta exclusivamente o custo rodoviário.
Entretanto, a utilização de carga de retorno como uma alternativa eficiente na redução dos custos de transportes de carga e da ociosidade gerada com a falta de infraestrutura brasileira já vem sendo adotada por algumas empresas no Brasil e têm trazido resultados significativos. Trata-se do compartilhamento dos veículos em fluxos casados de transporte de carga, com vista a obter maior eficiência no processo e, consequentemente, diminuição de custos e maior lucratividade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADA DE RODAGEM: Anuário Estatístico – 1996.
MICHAELS, M.Backhouling waste prompts mixed industry reaction. World Wast, p.40-43, Oct. 1989.
REBOUÇAS, L. Negócios em evolução; Exame, são Paulo, p. 94-102, 9 fev.2000.
REIS, N. G; FILARDO, M.L.R; ILARIO, A. A; PEIXOTO, C.A.F; CARVALHO, M.A. Análise de Impacto do retorno vazio sobre os fretes rodoviários. Disponível em http://www.ntcnet.org.br
SILVA, R. P. Uma metodologia para dimensionamento e localização de um sistema de centrais de informação de fretes. 1991. 178 p. Dissertação (Mestrado) – UFSC – Florianópolis.
TOLEDO, P. E. N. Transportes. Estudo nacional do calcário agrícola. 1983. v. 5, 143 p.
Autor(a): Maria Aparecida Alves